Talvez. Parece-me que ninguém terá a menor dúvida que o novo ano que se avizinha será pródigo em novidades. Falta saber se são más ou muito más. Pois o país habituou-nos a uma senda de notícias que apenas servem para nos enervar, irritar ou entristecer. Mas, sinceramente, eu ainda acredito em boas notícias. Os mais optimistas dirão que 2013 talvez não seja assim tão mau e os mais pessimistas ditarão o fim do mundo. A verdade é que o sector veterinário é dos que menos sofre com a crise instalada no nosso país, contando-se algumas mãos cheias de clínicas e hospitais que apresentaram níveis de crescimento de enaltecer nos últimos anos. Acreditem que não é obra divina, mas sim fruto do trabalho e de uma gestão profissional e regrada. A gestão dos CAMV é cada vez mais um tema premente, seja na área das finanças, contabilidade, marketing, recursos humanos ou logística. A verdade nua e crua é que o CAMV antes de ser um centro veterinário, é uma empresa. E uma empresa com fins lucrativos. Santa Casa da Misericórdia só há mesmo uma, pelo menos para já. Podemos e devemos aliar à lucratividade a arte de bem servir os animais. Isso sim, é uma “empresa veterinária” de excelência.
Nos últimos anos temos verificado a um aumento exponencial de CAMV no território nacional, sendo neste momento na ordem das 1.000 unidades. Os números (oficiais) apontam para um mercado global que vale 100 milhões de euros anuais em volume de negócios, o que significa que a média por CAMV é de 100.000 euros. Há fontes que indicam que se estima que em Portugal existam cerca de 1.475.000 cães e 875.000 gatos. Ora, permitam-me umas contas à merceeiro: somando os cães e gatos e dividindo pelo total de CAMV, temos uma média de 2.350 animais de companhia por CAMV. As mesmas fontes estimam que 1.195.000 e 490.000 de gatos vão ao veterinário, ou seja, cada CAMV conta em média com 1.650 animais de companhia. Se considerarmos uma taxa de actividade média de 40%, então temos 660 animais de companhia activos (visitam pelo menos uma vez no ano) por CAMV. Isto para concluir que, apesar do enorme e progressivo grau concorrencial, existe mercado para todos os CAMV. Claro que de forma desproporcionada. A enorme vantagem deste sector é que estamos a lidar com um mercado altamente emocional. E a emoção pode gerar lucro nos CAMV, pois nem todas as decisões de compra são tomadas com a devida racionalidade.
O sector veterinário está em
constante mutação e evolução. Verificamos que existem novas tendências neste
mercado, desde a importância gradual que a medicina felina começa a impor (assim
com o conceito cat friendly), a
importância que alguns animais como os coelhos e outros exóticos começam a ter
nos lares dos portugueses, o enfoque cada vez maior no comportamento animal, a georeferenciação
dos CAMV (encaminhamento de casos clínicos), e o implantação progressiva de
novos CAMV, cada vez mais bem equipados e modernos. Sinceramente, acredito
mesmo que a crise é uma oportunidade de negócio. Mas para aproveitá-la e
explorá-la não basta ter sorte e talento. É preciso dedicação e perserverança.
Infelizmente, podemos desde logo
identificar algumas ameaças conjunturais que em nada abonam para os nossos
negócios: o menor poder de compra dos consumidores, o aumento exponencial do crédito
vencido, uma política orçamental do Estado que privilegia mais as receitas
fiscais do que a diminuição da despesa pública, a interminável austeridade da troika, o aumento da concorrência (no
primeiro semestre de 2012 registaram-se 30 constituições de CAMV e apenas 1 insolvência)
ou mesmo o envelhecimento da população.
Mas então como podemos prosperar
em 2013? Numa só palavra: DIFERENCIAÇÃO. Um produto, um serviço ou simplesmente
um gesto. Para além da sorte, talento, dedicação e perserverança, devemos dotar
os colaboradores do CAMV com a melhor formação médica e comercial, de forma a
que eles possam prestar um serviço de excelência aos nossos clientes (donos dos
animais) e pacientes. Podemos não ter todos os meios complementares de
diagnóstico ou a expertise nas
cirurgias de tecidos moles, mas somos os melhores “naquilo”. Num contexto onde
a fidelidade é claramente um valor ameaçado, devemo-nos distinguir da
concorrência com algo distintivo e que o consumidor percepcione com valor. De
outra forma não valerá muito a pena. Um cliente altamente fidelizado está
propenso a pagar mais por um produto ou serviço. A diferenciação acima
mencionada requer inevitavelmente excelência na qualidade de serviço prestado
ao cliente. Mas antes de tudo, temos que reflectir naquilo em que realmente
somos bons e onde podemos marcar a diferença. Se conseguirmos inovar no
mercado, tanto melhor.
Enfim, 2013 não será um ano
fácil, mas a boa notícia é que há oportunidades para todos. Sim, quero mesmo
acreditar que... Ano novo, vida nova.
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